terça-feira, 27 de janeiro de 2009

27 Janeiro, 2009 - Publicado em 02:41 GMT
SADC diz que há acordo no Zimbabwe
Os líderes da África Austral dizem que a oposição zimbabweana concordou em formar um governo de unidade no próximo mês, mas a oposição diz que não é esse o caso.
Os líderes da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral, SADC, emitiram um comunicado na manhã de terça-feira no final de uma cimeira em Pretória que durou toda a noite.
O comunicado dizia que a oposição tinha concordado com uma fórmula que resultaria no seu líder assumir o posto de primeiro-ministro num governo de unidade.
O mesmo documento indica ainda que uma emenda constitucional será aprovada para criar o cargo no dia cinco de Fevereiro, com o líder da oposição a tomar posse seis dias mais tarde.
Mas um porta-voz da oposição disse posteriormente que o partido não tinha subscrito o acordo.
Enquanto os líderes da SADC procuravam uma solução para desbloquear o impasse político zimbabweano, intensificavam-se os sinais de impaciência da comunidade internacional.
O antigo presidente norte-americano, Jimmy Carter, disse ontem que o ex-presidente sul-africano, Thabo Mbeki tem sido inútil como mediador político na longa e violenta crise política no Zimbabwe e deveria demitir-se para que alguém possa dizer a Robert Mugabe para abandonar o poder.
Apreensões
A nova secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, disse estar muito preocupada, tendo o seu porta-voz indicado que os líderes da África Austral deviam fazer mais para convencer o presidente Mugabe a formar um governo de partilha de poder.
A conferência dos Bispos Católicos da África Austral acusou a SADC de cumplicidade no sofrimento do povo zimbabweano ao apoiar Robert Mugabe.
O arcebispo Buti Tilha-gale, da Arquidiocese Metropolitana de Joanesburgo, disse que a mediação tinha fracassado e que devia ser substituída para uma acção mais eficaz.
"As pessoas estão a morrer de fome, muitas delas atravessaram a fronteira para o Botswana e a África do Sul e outros países. Estamos a falar aqui de um genocídio passivo.
Denúncias
“Os líderes da SADC deviam assumir a liderança nesta matéria, instalar um governo de coligação para a reconstrução nacional, e ao mesmo tempo, trabalhar no sentido de preparar eleições presidenciais credíveis e supervisionadas internacionalmente. Se eles não fizerem isso, então o Zimbabwe está totalmente perdido", advertiu.
Mas da SADC a mensagem parece continuar a ser de apoio à forma como tem sido conduzida a mediação.
Sanções
Em declarações à BBC o antigo ministro moçambicano dos Negócios Estrangeiros, Leonardo Simão, insiste em que a mediação continua a ser o caminho a seguir.
"A persuasão e o envolvimento constante levarão provavelmente as partes a uma solução. Nenhum tempo é suficiente para procurar a paz, nenhum esforço é suficiente."
“Queremos a paz, então temos que ir tão longe quanto possível. Se olharmos para a história de Moçambique, foram necessários dois anos para negociar a paz em Moçambique", comparou.
Enquanto isso, a União Europeia reforçou as sanções contra o governo do presidente Mugabe.
Os ministros europeus dos Negócios Estrangeiros acrescentaram dúzias de nomes de companhias e indivíduos relacionados com Mugabe a uma lista dos sujeitos a sanções, que incluem uma proibição de viajar e o congelamento de bens.

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