terça-feira, 27 de janeiro de 2009

AS IMAGENS QUE MARCARAM O NOSSO CONTINENTE EM 2008


Bruno Garcezda BBC Brasil em Washington

Obama quer independência de energia dos EUA

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, anunciou esta segunda-feira uma série de medidas, desta vez na área ambiental, que revertem decisões tomadas pelo seu antecessor, George W. Bush.
Entre as medidas estão a de permitir que os Estados americanos possam determinar o nível de emissões de poluentes considerados aceitáveis em novos automóveis "construídos nos Estados Unidos", a construção de frotas de veículos que economizem combustível e investimentos em "economia energética" para criar empregos.
Ao assinar novas leis de proteção ambiental, Obama afirmou que as medidas são necessárias para conter a ameaça do aquecimento global que pode causar uma "catástrofe irreversível" e até actos de violência.
Segundo o presidente americano, as novas diretrizes são uma alternativa a "uma confusa colcha de retalhos que fere o ambiente e a aindústria automobilística".
De acordo com o presidente, os Estados Unidos não podem ser mantidos "reféns de recursos que estão ficando escassos, de regimes hostis e de um planeta que está a aquecer".
"Nós não deixaremos de agir porque agir é difícil. Agora é a hora de tomar duras decisões", disse Obama. "Agora é a hora de ir ao encontro dos desafios da encruzilhada da história, ao escolhermos um futuro mais seguro para o nosso país e mais próspero e sustentável para o nosso planeta."
Auto-determinação
O presidente americano determinou que a Califórnia e outros 13 Estados americanos poderão definir seus próprios padrões de níveis de emissões de gases poluentes - prática à qual Bush se opunha.
A Califórnia havia proposto restrições que obrigariam a indústria automobilística a cortar a emissão de gases causadores do efeito estufa em novos veículos em 30% até 2006. Mas o presidente Bush pediu em 2007 que a Agência de Proteção Ambiental da Califórnia negasse o pedido.
A decisão de Bush, na ocasião, foi elogiada por representantes da indústria automóvel, mas recebeu críticas de grupos ambientais, que diziam que o governo havia cedido à pressão do lobby automobilístico.
De acordo com Obama, o governo federal vai trabalhar conjuntamente com os Estados para reduzir a emissão de poluentes e acrescentou que sua administração "não vai negar factos, mas sim ser guiada por eles".
27 Janeiro, 2009 - Publicado em 01:43 GMT
José Vicente Lopesna Cidade da Praia

Brasil revê dívida de Cabo Verde

Os governos dos dois países terminam negociações relativas a quatro milhões de dólares.
Os governos de Cabo Verde e do Brasil terminam hoje, na capital cabo-verdiana, negociações relativas a uma dívida de cerca de 4 milhões de dólares que Praia deve a Brasília.
Trata-se de um dossier que se arrasta há já alguns anos, e tudo indica que o referido montante poderá ser perdoado ou então convertido em ajuda à Educação e formação de quadros cabo-verdianos, um sector de que o Brasil é há muito parceiro de Cabo Verde.
Educação
Emissários brasileiros do Ministério da Fazenda e seus colegas de Cabo Verde do Ministério das Finanças devem concluir esta terça-feira, na cidade da Praia, as negociações relativas a uma dívida de cerca de quatro milhões de dólares que o Estado cabo-verdiano contraiu nos anos 80 junto de Brasília para modernizar a sua rede de telecomunicações.
Chegado e ultrapassado o prazo para o seu pagamento, a Cidade da Praia quer que o referido empréstimo seja perdoado ou então reconvertido em ajuda à Educação ou formação de quadros superiores.
O Brasil é, de resto, um dos países que actualmente mais recebe estudantes universitários cabo-verdianos, estando neste momento em curso o arranque da universidade pública deste arquipélago.
27 Janeiro, 2009 - Publicado em 02:41 GMT
SADC diz que há acordo no Zimbabwe
Os líderes da África Austral dizem que a oposição zimbabweana concordou em formar um governo de unidade no próximo mês, mas a oposição diz que não é esse o caso.
Os líderes da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral, SADC, emitiram um comunicado na manhã de terça-feira no final de uma cimeira em Pretória que durou toda a noite.
O comunicado dizia que a oposição tinha concordado com uma fórmula que resultaria no seu líder assumir o posto de primeiro-ministro num governo de unidade.
O mesmo documento indica ainda que uma emenda constitucional será aprovada para criar o cargo no dia cinco de Fevereiro, com o líder da oposição a tomar posse seis dias mais tarde.
Mas um porta-voz da oposição disse posteriormente que o partido não tinha subscrito o acordo.
Enquanto os líderes da SADC procuravam uma solução para desbloquear o impasse político zimbabweano, intensificavam-se os sinais de impaciência da comunidade internacional.
O antigo presidente norte-americano, Jimmy Carter, disse ontem que o ex-presidente sul-africano, Thabo Mbeki tem sido inútil como mediador político na longa e violenta crise política no Zimbabwe e deveria demitir-se para que alguém possa dizer a Robert Mugabe para abandonar o poder.
Apreensões
A nova secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, disse estar muito preocupada, tendo o seu porta-voz indicado que os líderes da África Austral deviam fazer mais para convencer o presidente Mugabe a formar um governo de partilha de poder.
A conferência dos Bispos Católicos da África Austral acusou a SADC de cumplicidade no sofrimento do povo zimbabweano ao apoiar Robert Mugabe.
O arcebispo Buti Tilha-gale, da Arquidiocese Metropolitana de Joanesburgo, disse que a mediação tinha fracassado e que devia ser substituída para uma acção mais eficaz.
"As pessoas estão a morrer de fome, muitas delas atravessaram a fronteira para o Botswana e a África do Sul e outros países. Estamos a falar aqui de um genocídio passivo.
Denúncias
“Os líderes da SADC deviam assumir a liderança nesta matéria, instalar um governo de coligação para a reconstrução nacional, e ao mesmo tempo, trabalhar no sentido de preparar eleições presidenciais credíveis e supervisionadas internacionalmente. Se eles não fizerem isso, então o Zimbabwe está totalmente perdido", advertiu.
Mas da SADC a mensagem parece continuar a ser de apoio à forma como tem sido conduzida a mediação.
Sanções
Em declarações à BBC o antigo ministro moçambicano dos Negócios Estrangeiros, Leonardo Simão, insiste em que a mediação continua a ser o caminho a seguir.
"A persuasão e o envolvimento constante levarão provavelmente as partes a uma solução. Nenhum tempo é suficiente para procurar a paz, nenhum esforço é suficiente."
“Queremos a paz, então temos que ir tão longe quanto possível. Se olharmos para a história de Moçambique, foram necessários dois anos para negociar a paz em Moçambique", comparou.
Enquanto isso, a União Europeia reforçou as sanções contra o governo do presidente Mugabe.
Os ministros europeus dos Negócios Estrangeiros acrescentaram dúzias de nomes de companhias e indivíduos relacionados com Mugabe a uma lista dos sujeitos a sanções, que incluem uma proibição de viajar e o congelamento de bens.